Educação ambiental crítica e sustentabilidade necrosante.
Os fundamentos e as práticas da Educação Ambiental crítica no desenvolvimento sustentável necrosante: Antigos desafios, novas perspectivas em transformação
Francisco Hermes Batista Alencar
(Email: fhba.sb@gmail.com)
O que significa o conceito de educação ambiental e mais especificamente o que vem a significar a educação ambiental em sua vertente crítica. Entendemos que a EA crítica os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências, voltadas para a conservação do meio ambiente; bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade, consoante concepção do Dr. Jorge Sobral da Silva Maia (2019).
Assim sendo, as questões relacionadas com a preocupação com relação ao meio ambiente, remontam a tempos imemoriais; desde a Grécia Antiga, o filósofo Platão já demonstrava uma preocupação bastante significativa com a questão da conservação das florestas, com a questão da manutenção da fauna e da flora na região onde atuava. Então, Platão já observava os estudos e as questões ligadas propriamente à EA crítica, que sempre existiram ao longo da história de toda a humanidade.
Introdução
Todavia, em um determinado momento específico da história humana podemos pontualizar, ou pelo menos, caracterizar dentro de um recorte um momento que seria a transição do mundo feudal para o mundo do capitalismo mercantil, onde ocorreu uma expansão significativa da atuação humana no planeta. Podemos pontuar esse momento como um dado momento importante como no sentido da interação mais eficiente e mais intensa dos grupos humanos sobre a natureza.
Por isso, tudo isso sempre aconteceu, mas o poder da ação de destruição humana em relação ao patrimônio natural era reduzido. Quando do advento da tecnologia, dos diversos instrumentos, potencializou a capacidade humana de desregulação, de destruição, dos recursos, dos patrimônios, das riquezas naturais.
1 Educação Ambiental Crítica e o modelo de desenvolvimento sustentável necrosante
Enquanto que com o advento das ciências, da construção científica dos diversos instrumentos gerou ou capacitou essa possibilidade humana. Mas foi em meados dos anos de 1960 e nos inícios dos anos de 1970 que a Educação Ambiental surge como uma resposta para o enfrentamento destas questões. Esta Educação Ambiental pode ser viabilizada principalmente por grandes grupos intelectuais, por exemplo, os internacionais, as grandes corporações representadas nas imensas conferências da ONU - Organização das Nações Unidas as quais chamaram a atenção das lideranças mundiais para a problemática de ordem ambiental. E, sugeriram a possibilidade de um desenvolvimento que veio a denominar-se ‘desenvolvimento sustentável’.
Antes disso havia um importante conceito construído por Maurice Strong SACHS (2010) de Ecodesenvolvimento, o qual foi abandonado pois este buscava atender uma demanda de grupos que, na verdade, não detinham o poder econômico de então, não detinham o poder de controle político sobre os recursos. Conforme a concepção do pensamento abalizado de BAUMAN, BOFF & CAPRA (2008, p. 27ª):
Obviamente, não interessava aos grandes grupos, aos grandes capitalistas um conceito ou uma proposta que afetasse os seus ganhos materiais, obviamente, utilizando-se das riquezas naturais. Então, estabeleceu-se o conceito de desenvolvimento sustentável e, alimentou-se em certa medida no pensamento da educação ambiental no mundo. No Brasil, mais especificamente no ano de 1992, durante a ECO-92. (BAUMAN et al., 2008, p. 27ª)
A conferência mundial das Nações Unidas referente a questão ambiental e o desenvolvimento sustentável, a educação ambiental ganhou uma nova fase, daí vieram novas vertentes que apareceram. temos aqui um conceito importante que busca explicitar o que seria mesmo a Educação Ambiental.
2 A Educação Ambiental crítica e um modelo de desenvolvimento sustentável
Este deveria ser um conceito oficial proposto por MMA, Política Nacional de Educação Ambiental (1999); reiterado pelo Ministérios do Meio Ambiente, sendo assim, vem afirmar CARVALHO, DIAS & FREIRE (2010, p. 37ª):
E, mesmo assim, está descrito na política nacional de educação ambiental; evidentemente, este conceito nos traz algumas informações importantes; está preocupado essencial e efetivamente em caracterizar conhecimentos e habilidades, atitudes de maneira que esses conhecimentos, essas habilidades, essas atitudes compreendam a importância do meio ambiente. (CARVALHO et al., 2010, p. 37ª)
Pois, como afirmam CARVALHO et al. (2010), ou até mesmo, permitam compreender a importância do meio ambiente; e, em consequentemente, permitam atuar de forma a preservar, a conservar e a utilizarmos os recursos naturais do patrimônio ambiental de maneira mais equilibrada ou de uma maneira mais sustentável.
Todavia, já observamos que é um conceito importante, um conceito bem significativo, mas do ponto de vista educação ambiental crítica parece-nos um tanto quanto frágil. Nós vamos apresentar mais adiante para todos um conceito mais eficiente do ponto de vista da educação ambiental crítica.
3 Modelos diversos de desenvolvimento sustentável
Gostaríamos de discutir nesse momento a ampliação da ideia desse conceito de educação ambiental crítica. E, antes disso tudo, importante se faz sabermos que educação ambiental também é ‘Educação’: Educação ambiental é antes de tudo - Educação (cf. MAIA, 2019).
Aqui há uma questão importante, pois, geralmente, por conta desta tematizar sobre o meio ambiente; esta educação em específico tematizar o meio ambiente, segundo GUIMARÃES, BARRETO & JACOBI (2010, p. 16ª):
Preocupamo-nos muito em questões de ordem ambiental, seja um rio poluído, a questão do destino dos resíduos sólidos, a questão do aquecimento global, da poluição em geral; mas, na verdade, a educação ambiental configura-se como um processo educativo; então, essa se preocupa em educar e, em seu processo de educação, esta tem uma certa especificidade, uma tematização, ela tematiza o meio ambiente.(GUIMARÃES et al., 2010, p. 16ª)
Segundo afirma GUIMARÃES et al. (2010), se educação ambiental é, antes de tudo propriamente educação, que seria mesmo o principal objetivo da educação? Devemos ter isso claro, não podemos perder de vista quando nos propomos a desenvolver uma atividade de educação ambiental que a educação ambiental igualmente é educação.
4 Educação ambiental configura-se como modelo de educação
Precisamos saber exatamente qual seria esse papel da educação, qual seria especificamente o objetivo da educação? Onde abordamos aqui uma concepção de educação bem interessante qual seria o papel ou o objetivo da educação: ‘Produzir direta e indiretamente no indivíduo singular a humanidade produzida histórica e coletivamente pelos conjuntos dos seres humanos’ (SAVIANI, 2005, p. 13ª).
Este é um conceito proposto inicialmente pelo Professor Dr. Demerval SAVIANI (UNICAMP, 2005, p. 17ª):
Faz-se interessante analisarmos a ideia de produzirmos direta e intencionalmente; queremos dizer que ‘na relação entre dois indivíduos em que um detém ou determina determinados símbolos, que permitem compreendermos o mundo no qual configura-se em sua complexidade, este indivíduo auxilia um outro indivíduo’ - já desenvolvendo e, absolvendo outros símbolos, para que também ele possa compreender o mundo a sua volta. (SAVIANI, 2005, p. 17ª)
Mesmo assim, isto é feito de forma direta consoante concepção de SAVIANI (2005), também feito de forma intencional, pois, não é possível pensarmos uma educação sistematizada como aquela que desenvolvemos na escola sem uma intencionalidade. Qual seria a intenção aqui? - Seria produzir a humanidade que foi produzida ao longo dos anos, ao longo de nossa história no planeta.
5 As relações de equilíbrio distante no planeta Terra
Mesmo assim, entendendo-os como um conjunto de relações contraditórias que ora prejudicam a ação humana junto a natureza, mas que ao mesmo tempo, a exploração da natureza ocorre e não conseguem, mesmo realizando essa exploração; em atender as demandas dos principais grupos humanos que habitam a Terra no atual momento (cf. ALENCAR, 2021, p. 17ª).
Podemos, porquanto, ao bem assim pensarmos a educação ambiental crítica em duas categorias: Chamamos de categorias um conjunto de concepções, um conjunto de ideias, as quais caracterizam as diversas formas de se praticar a educação ambiental no Brasil. A primeira delas chamaremos de categoria ‘Não críticas e reprodutoras’; assim, o que seria uma concepção de EA não crítica e reprodutora?
RESUMO
O que seria produzir a humanidade, o que é essa humanidade? A humanidade representa o conjunto de toda a construção que o ser humano desenvolveu ao longo do tempo, de sua história. Então, todos nós desenvolvemos os conhecimento científico, a sabedoria filosófica, temos as expressões artísticas, as diversas formas de olharmos para o mundo se sistematizando seus processos, compreendendo-os e, trabalhando no processo de transformação de maneira a levar ao ser humano uma melhor qualidade, uma melhor condição para que nós manifestemos nossa vida no planeta. ao realizar esse processo o ser humano se humaniza: Ao sair da condição de primeira natureza, do ser humano enquanto um animal, passando daí em diante para uma condição propriamente dito de ser humano. Importantíssimo este aspecto enquanto da apropriação do conhecimento produzido historicamente, produzido socialmente, acumulado sócio historicamente pelo conjunto dos homens e mulheres do planeta que nos humaniza, o que nos torna humanos.
Palavras-chave: BNCC. Educação Ambiental Crítica. Impactos Antrópicos Ambientais. Processo Ensino-Aprendizagem. Pensamento Complexo Necrosante.
Considerações Finais
Então, essa seria a ideia ou o princípio geral que nós podemos entender como o objetivo da própria educação. Ao observar-se bem o objetivo da educação, qual seria o objetivo principal da educação ambiental? Ao considerar que o objeto de estudo é a educação, portanto, preocupa-se das questões e dos fenômenos sociais; basicamente, considera os conteúdos, significados, hábitos, crenças e atitudes.
Sobretudo, não podendo ser compreendida em sua plenitude pela metodologia formal de base empírico-analítica. Pois, quando tematizam o meio ambiente temos que ter consideração pelos aspectos sociais, as relações humanas que são estabelecidas no planeta: A relação dos seres humanos entre si e, a relação dos seres humanos com os seres a sua volta.
Mais a frente trataremos desses aspectos interessantes especificamente, das questões empírico-analíticas. Mas a ideia de pensarmos a concepção e a compreensão da educação ambiental baseada em uma análise estritamente quantitativa; dentro de uma lógica própria das questões que tratam do ambiente em si, sem considerar os aspectos humanos.
Todavia, precisamos dentro da educação ambiental crítica, especialmente nessa vertente crítica de uma metodologia que seja articuladora dos aspectos sociais e ambientais igualmente. Deixamos aqui o espaço aberto para outras pesquisas e outros pesquisadores mais abalizados para aprofundar tais temáticas ambientais e sócio históricas.
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