crianças que vivem a morte: saber fazer com a perda, com ilana katz, psi...
no curso da crise sociosanitária engendrada pela pandemia de covid-19, as crianças apontaram e denunciaram muito do que tentávamos desviar para fazer funcionar um semblante de ordenamento social, como se nos fosse possível seguir vivendo de acordo com o estabelecido antes do corte real da experiência que a pandemia promoveu. no interior das famílias e também fora delas, as crianças, com suas demandas e funcionamentos, não permitiram que sustentássemos a fantasia de que, apesar de vivermos a maior crise de saúde pública do nosso tempo, tudo seria facilmente controlado, e não precisaríamos lidar com muitas perdas em vários âmbitos da vida. a potência da infância em apontar a parcialidade das ficções sobre o viver e a consequente resistência que a infância, como fenômeno político, e também cada criança, como acontecimento, impõem à inflagem imaginária da experiência da vida, são operadores importantíssimos para que, diante da crise, possamos vislumbrar uma oportunidade para construir saídas e novas respostas nos âmbitos particular e coletivo.
para discutir essa formulação, partiremos da problemática que se instituiu pela supressão das alternâncias entre os ambientes público e privado e a realização da centralidade que a escola assume em nossa organização social, para abordar algumas das lições que recebemos das crianças, tais como: a diversidade das experiências de infâncias e a necessidade de construção de saídas territorializadas e não universalizadas para o cuidado com a vida; as conexões possíveis e a vida digital sob a perspectiva do que aprendemos com as crianças com deficiência; a demanda pela construção de redes de cuidado e proteção social que se articulam em oposição a resposta política produzida pela segregação e a patologização das infâncias, e, finalmente, através da abordagem da experiência de luto, recolocar a irredutibilidade da perda que atravessamos individual e coletivamente para recuperarmos, junto a inventividade das crianças, algum saber que nos permita fazer algo com isso.
#live #aovivo
palestra do módulo "a canoa virou: infância e pandemia", de rinaldo voltolini
por mais que a inteligência humana possa criar embarcações (um passo a mais na saga do domínio do homem sobre a terra) a natureza do rio mostra-se sempre capaz de virar a canoa. um vírus, fenômeno da natureza, foi capaz de virar a grande canoa humana na qual viajávamos todos na crença de um percurso controlado e soberano. com o naufrágio, uma responsabilidade frente às crianças se coloca. como estão “vivendo” as crianças na pandemia?
um aumento do sofrimento psíquico, assinalado por estatísticas médicas, mas, sobretudo, percebido por aqueles que acompanham de perto as crianças, sugere que analisemos, com a devida complexidade, a situação de reorganização social promovida desde as medidas sanitárias de controle da pandemia.
fatores tão diversos como a restrição de movimento, de exposição ao sol e ao ar livre; a intensificação, potencialmente tóxica, das relações familiares produzidas pela maior convivência; a hiper-exposição às telas; o corte da alternância de lugares simbólicos, permitida pela frequência à escola; a presença cotidiana concreta da morte (a própria e a de entes queridos); a instabilidade na prospecção da vida – imaginação do futuro – jogam um papel importante quando se trata de pensar no sofrimento psíquico da criança no contexto pandêmico.
como compreender a complexa dinâmica estabelecida por esses fatores, sem recorrer a medidas de cunho pragmático e de entendimento simplista, bem típicas de nosso tempo, tais como a medicalização automática e maciça do sofrimento psíquico? como encontrar, de modo responsável, saídas inventivas e respeitosas para e com as crianças, sem sacrificar a potência da infância, enquanto um tempo (inventivo) de constituição?
Inscreva-se no canal e clique no sininho para ser notificado das novidades!
Siga as redes da TV Cultura!
Facebook: https://www.facebook.com/tvcultura
Twitter: https://twitter.com/tvcultura
Instagram: https://www.instagram.com/tvcultura/
Site: https://tvcultura.com.br/
Siga o Instituto CPFL
- Facebook: https://www.facebook.com/institutocpfl
- Twitter: https://twitter.com/cafe_filosofico
- Site: http://www.institutocpfl.org.br/
Comentários
Postar um comentário